Imagem: Coolmyplanet |
A máxima
“tudo que vai volta” nunca esteve tão presente quanto na era pós-digital em que
vivemos. A lei do retorno, ou lei kármica para os mais esotéricos, carrega um
aprendizado essencial para nós humanos: uma hora a conta chega.
Imagem: Pinterest |
Na esfera
ambiental, por exemplo, acompanhamos os crescentes e tristes casos de mortes
por doenças respiratórias devido à péssima qualidade do ar nas nossas cidades.
Em termos mundiais, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima 8 milhões de
mortes por ano devido à poluição do ar, sem falar nos casos de complicações de
outras doenças preexistentes. Já em nível local, em pouco mais de duas décadas,
o número de brasileiros mortos devido à má qualidade do ar saltou de 18 mil
para mais de 40 mil – um crescimento de 131%, de acordo com estudo da
Universidade de Washington, nos EUA.
Essas são
consequências diretas às escolhas que fizemos enquanto sociedade nos últimos 50
anos, ao incentivar o uso do transporte privado em detrimento ao coletivo, o
consumo desenfreado e ao consentir a falta de comprometimento das corporações
com questões ambientais e sociais. Os dados, o sofrimento e, inclusive, algumas
soluções estão apresentados bem pertinho dos brasileiros, no Museu do Amanhã,
no Rio de Janeiro (um bom passeio para as férias de verão).
Só que
agora a conta chegou, e fechar os olhos não é mais uma opção.
Imagem: Linkedin |
Movidos
por esse instinto de sobrevivência e de querer acertar, líderes de empresas já
nascidas na era pós-digital estão colocando o cuidado ambiental e social no
mesmo grau de importância de seus lucros - em alguns casos, até superior.
O exemplo
mais emblemático pode estar em Nova York, nos Estados Unidos, onde a Lemonade
vem colocando “o pé na porta” em um dos mercados mais tradicionais do mundo, o
de seguros. A startup americana
oferece seguros residenciais a partir de parcelas mensais de US$ 5. O valor
super baixo de apólice se deve ao fato de o processo ser todo via app, sem
papelada, sem intermediário e sem intenção de embolsar o seu dinheiro. Um chatbot construído com inteligência
artificial, chamado AI Jim, faz os atendimentos em segundos e consegue
discernir se é um pedido real, emergencial e até ensina alguns modos em
tentativas de fraude.
Imagem: Lemonade |
Contudo,
a grande mudança de paradigma em relação ao cuidado coletivo fica por conta do
seu modelo de negócio: caso você não utilize seu seguro no ciclo de um ano, a
Lemonade fica com 20% do valor total para cobrir custos operacionais e o
restante é doado para uma ONG à escolha do cliente. Vai contra a lógica sombria
que move o mercado de seguros, isto é, se você passar por uma situação ruim de
emergência, eles irão te ajudar, pois não lucram quando os pedidos são negados
- como ocorre no modelo tradicional do mercado. Lindo, não?! A iniciativa,
chamada “Giveback”, já direcionou
mais de US$ 53 mil às causas, e tem um potencial exponencial uma vez que as vendas
semanais de apólices são 60 vezes maiores se comparadas a 6 meses atrás, de
acordo com informações da própria Lemonade.
Outro
exemplo é a Lyft, principal concorrente do Uber nos EUA, que oferece a opção de
o cliente arredondar o preço de sua corrida, e a diferença vai direto para a
conta de uma organização social. A prática pode ser encontrada também em
grandes empresas no Brasil, como o Grupo Pão de Açúcar, que oferece o mesmo
modelo de doação através do arredondamento dos centavos de sua compra nos
caixas de seus supermercados.
Imagem: PC MAG |
Para
trazer mais um exemplo de grande player
voltado ao novo paradigma do cuidado coletivo, na última semana, a gigante Visa
anunciou um programa para doação de 1 centavo a cada transação realizada com
cartões de sua bandeira. Para participar, o cliente precisa se cadastrar no site oficial e
escolher uma causa ou instituição específica. A partir daí, a própria Visa faz
a doação a cada transação realizada, seja crédito ou débito, em loja física ou
virtual, no Brasil ou fora do país. De acordo com o Banco Central, o programa
tem potencial de gerar R$ 60 milhões em doações dependendo da adesão.
Imagem: ABC News |
Bem, se a
conta chegou e, invariavelmente, precisamos pagá-la, que seja com Visa... Lemonade,
Lyft, Pão de Açúcar e outras empresas que estão olhando com mais atenção para o
retorno positivo que deixam no mundo. A escolha está na mão do novo consumidor,
com mais cuidado do que nunca, sabendo que uma hora vai voltar melhor.
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