Imagem: Armário Orgânico |
Quando falamos em moda
sustentável a primeira associação que fazemos é em relação ao tipo de material
utilizado para a produção das peças e os impactos que o processo produtivo gera
para o planeta. Afinal, a indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo,
ao lado da indústria do petróleo e gás e da pecuária.
Cultivo de algodão. Imagem: Financial Tribune |
Para se ter uma ideia do grau de
impacto da indústria da moda, apresentamos algumas estatísticas preocupantes a
seguir. O poliéster, a fibra sintética
mais usada na indústria têxtil em todo o mundo, utiliza, segundo especialistas,
70 milhões de barris de petróleo todos os anos, e leva mais de 200 anos para se
decompor no meio ambiente. Já o consumo de peças de vestuário feitas de
viscose, fibra artificial feita de celulose, é responsável pela derrubada de 70
milhões de árvores todos os anos. E o algodão, apesar de natural, demanda em
seu cultivo o uso de substâncias tóxicas (24% de todos os inseticidas e 11% de
todo os pesticidas do mundo) impactando a água e o solo.
Mas a moda sustentável vai bem
além disso. Para que a indústria da moda seja realmente sustentável, é preciso
pensar nos aspectos econômicos,
ambientais, sociais e culturais em toda a cadeia produtiva, o que inclui desde
o cultivo da matéria prima utilizada até a destinação final da peça produzida
(onde o ideal seria a reciclagem da mesma em processos de upcycling). É também necessário repensar nossa relação de consumo,
será que compramos porque precisamos ou somos movidos pelo consumismo do
movimento “Fast Fashion”?
Imagem: LinkedIn |
Além
dos impactos ambientais, a moda “Fast
Fashion” também gera problemas sócio-culturais gravíssimos, como o
barateamento da mão de obra através da terceirização ilícita, do trabalho
infantil e do trabalho em condições análogas à escravidão, e a perpetuação das
desigualdades entre países desenvolvidos (onde se localizam as grandes marcas
da indústria da moda) e subdesenvolvidos (onde está a mão de obra pouco
qualificada e extremamente explorada).
Imagem: Aglow |
Para
combater esse modelo e suas perversidades, um número crescente de iniciativas
está sendo criadas a fim de buscar uma indústria da moda mais ética, inclusiva,
verde e justa. Quando falamos em ética
na moda, falamos em respeito às condições de trabalho e aos direitos de todos
os envolvidos na cadeia de produção, agregando também, e principalmente, valor
social às peças produzidas. Quando falamos em moda verde, falamos em uma
indústria mais limpa e ecologicamente correta, onde se opta por matérias-primas
sustentáveis e processos de produção menos danosos ao meio ambiente. Quando
falamos em moda justa, falamos em não explorar os consumidores com preços
exorbitantes e também na remuneração adequada aos envolvidos no processo de
produção. Além disso, seria uma nova indústria com produtos feitos para durar,
com design atemporal e focando em qualidade e valorização dos produtores locais.
Imagem: Armário Orgânico |
Tendo
isso em mente, ao longo da nossa Semana Temática de Moda Sustentável
apresentaremos empresas e iniciativas que estão motivadas a alterar esse
cenário e, principalmente, dicas para que nós, consumidores, tenhamos mais
consciência do nosso papel e da responsabilidade que carregamos. Embora
pareça que nossa parcela de importância diante da indústria da moda seja bem
pequena, se cada um de nós consumirmos de forma consciente, podemos realmente
transformar essa triste e preocupante realidade.
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