O Relatório Brundtland (1987) propôs
uma definição para “desenvolvimento sustentável” que é considerada referência
até os dias de hoje:
Sustainable development is the
“development which
meets the needs of
The present without
compromising the ability of
Future generations
to meet their own needs.”
Em muitas ocasiões, a palavra “needs” (necessidades) foi criticada,
pois é importante considerar que necessidades dependem de uma grande quantidade
de fatores. Para muitos, água e alimentos ainda são necessidades não
contempladas, enquanto para outros, trocar de celular três, quatro vezes por
ano é uma necessidade importante.
Fonte: Esoterikha |
É importante considerar que, para além
de necessidades, o ser humano possui
também aspirações, como também
citado no relatório de 1987. Abraham Maslow já abordava ambos os conceitos em
1943 em seu artigo “A teoria da motivação humana” e, apesar das críticas
posteriores à sua categorização, ele ainda é uma referência importante.
Desde sempre, sabe-se que as diferentes
necessidades e, em especial, aspirações, geram diferentes tipos de impactos
socioambientais. Nesse ponto, vale a pergunta: quais as suas aspirações de vida
e, além disso, o que ou quem influencia estas aspirações?
A engenhosidade humana tem se dedicado
a elaborar diferentes estratégias que podemos chamar de “criação de aspirações”
(ou marketing, se preferir) cada vez melhores. O que antes era supérfluo, se
torna objeto de desejo. Somado a isso, a comparação com nossos pares nos faz
“comprar as ideias”, literalmente. Esse ciclo é tão fluído e efêmero que
minutos após o consumo já estamos de volta ao início do processo, aspirando
mais (e nem sempre, melhor).
Os impactos gerados antes e depois
desse momento de compra tem sido chamado tradicionalmente de externalidade, ou
seja, um mal necessário frente à grandeza de nossas aspirações e desejos.
Para que esse ciclo seja repensado
precisamos de, pelo menos, dois elementos: informação e formação de qualidade
(crítica). Com esse básico garantido, seremos capazes de compreender quais
necessidades e aspirações são realmente legítimas do ponto de vista individual,
mas com vistas ao coletivo. Considero essa mudança de olhar passo fundamental
na direção da sustentabilidade e qualidade de vida.
A escola tem papel central no que tange
à informação e formação dos cidadãos do presente e do futuro. Bem formados e
informados (ou pelo menos sabendo onde achar informação de qualidade), seremos
capazes de rever nossas escolhas e compreender de forma mais complexa e
sistêmica as consequências de nossas necessidades e aspirações e onde elas
realmente nascem.
Um dos caminhos para tornar essa
discussão competente e com contexto na escola é por meio da criação e
desenvolvimento de projetos permanentes e continuados em Educação e
Sustentabilidade, proposta que tem ganho cada vez mais adeptos entre os
educadores brasileiros.
A Educação para a Sustentabilidade
opera na direção da “construção de um mundo onde todos têm a oportunidade de se
beneficiar de uma educação de qualidade e aprendam os valores, comportamentos e
estilos de vida necessários para um futuro sustentável e para uma transformação
positiva da sociedade”, segundo a UNESCO. Vale lembrar que nesse ano de
substituição dos ODM pelos ODS, a Educação para a Sustentabilidade continua
protagonista e ganha novo fôlego.
Necessidades e aspirações devem entrar
e estar em consonância com a busca pela sustentabilidade em todas as suas
vertentes.
Enquanto isso, pense um momento nas
suas necessidades e aspirações; onde elas nascem, como te fazem feliz, como
afetam os outros e, por fim, como colaboram (ou não) com a melhoria das
condições socioambientais para as atuais e futuras gerações.
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