No finalzinho do mês de fevereiro, tive a
oportunidade de me reunir com outros 40 representantes da sociedade civil para
uma roda de conversa com o atual Secretário do Verde e Meio Ambiente de São
Paulo (SVMA), o Sr. Gilberto Natalini (PV).
Não é difícil imaginar que as notícias vindas da
secretaria não foram animadoras, uma vez que já é tradicional que em períodos
de crise política e econômica, temas como meio ambiente, cultura e esporte
acabam ficando para escanteio, mostrando a fragilidade e incoerência do modelo
civilizatório que vivemos e cultivamos.
De qualquer forma, a conversa foi esclarecedora e,
mostrou a importância da mobilização e união dos diferentes coletivos que
trabalham para garantir o que é patrimônio de todos, operando sempre em uma
lógica inversa à “tragédia dos comuns”.
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Um dos pontos que me chamou a atenção nas palavras
do Sr. Secretário foi a estratégia de corresponsabilização utilizada pela SVMA.
Com o atual orçamento é impossível cuidar de tudo que é urgente e importante.
Sendo assim, a SVMA inclui objetivos que são seus em outras secretarias. Ou
seja, o tema ambiental passa a ser transversal do ponto de vista
político-administrativo e, claro, de responsabilidade de todos.
Se
esse artifício dá resultados ou não, saberemos em breve.
Imagem: BAC EDUCATION
Nesse caso, é inevitável o paralelo que se
estabelece, para mim, com as políticas de Educação Ambiental no Ensino Formal,
no qual a temática socioambiental deve (ou deveria) fazer parte do trabalho de
diferentes disciplinas e, idealmente, que essas pudessem trabalhar
conjuntamente sobre essas temáticas, garantindo a complexidade e a diversidade
de olhares.
O PLS 221/2015 vai de encontro a essa vocação
unificadora da Educação Ambiental no Brasil e em muitos países da América
Latina, tentando transformá-la em uma disciplina específica. Essa não é a primeira
nem a última tentativa de disciplinarização.
Imagem: Armandinho |
Ao mesmo tempo que deve haver resistência aos
retrocessos, deve-se priorizar a criação de estratégias educacionais que
facilitem a capilarização da Educação Ambiental no ensino formal, fato que
ainda não aconteceu em escala.
Atualmente, existe uma infinidade de ferramentas e
canais para isso, que vão desde a formação presencial de educadores até criação
de materiais didáticos e cursos EaD que informem, guiem e auxiliem os docentes
a atingir resultados práticos e mensuráveis na formação dos chamados de
“cidadãos do século XXI”. A prioridade ainda é (e sempre será) a capacitação
dos gestores e docentes para que desenvolvam trabalhos competentes e
continuados.
Imagem: Ben Hupfer/Corbis |
Garantir o verdadeiro lugar da Educação Ambiental
na escola depende de demonstrar sua importância na vida das pessoas e das
comunidades, ou seja, respeitar contextos e criar transformações, não somente estruturais
e comportamentais, mas de valores e propósitos de vida.
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