Para
começar a responder essa questão, proponho começarmos com um exercício simples:
vá para frente de um espelho, preferencialmente sozinho, e se olhe sem pressa. Tente,
se possível, se despir dos seus pudores, preconceitos e julgamentos de valores.
Desta vez, não foque seu olhar apenas em sua aparência física, ou no que você
acha que mostra às pessoas. Tente focar em outra parte de você: quem você
realmente é por trás daquilo que você mostra ao mundo. A partir daí, se faça as
seguintes perguntas:
“Você
se orgulha da pessoa que é?”
“Das
suas ações?”
“Da
forma como vive?”
“Como
você se mostra para o mundo?”
“Aquilo
que você transmite é realmente o que você é ou deseja transmitir?”
“Seus
pensamentos e atitudes estão em conformidade?”
“Ou
você anda agindo contraditoriamente às suas crenças?”
“O que
você gostaria de mudar ou melhorar em você para ser aquilo que você almeja?”
Apesar
de um exercício simples, ele não é fácil. Analisar-se dessa forma mais
profunda, às vezes, pode ser chocante. Podemos nos deparar com uma pessoa muito
diferente daquela que pensamos ser ou daquela que queremos ser. Não que sejamos
falsos ou mentirosos, nada disso. É que muitas vezes estamos tão envoltos em
tantos outros planos, projetos e ações que não paramos para pensar no nosso
projeto mais íntimo: nós mesmos. Sim, nós também somos um projeto em constante e
infinita mudança. Na verdade, cada dia que vivemos já nos modifica de alguma
forma, mesmo que imperceptível aos nossos olhos, por isso, também merecemos
esse tipo de atenção e cuidado. O que no fundo é ótima notícia: todos os dias
são novos recomeços, a cada manhã temos a chance de buscar ser aquilo que
queremos ou melhorar aquele aspecto negativo que nos incomoda. Basta se
conhecer, reconhecer e querer.
Você
deve estar achando que esse artigo é um velho papo de auto-ajuda, daqueles com
os quais somos bombardeados, diariamente, sem qualquer fundamento, certo? Pois
é, até parece mesmo, admito. Na verdade, isso foi o que aconteceu comigo em
dezembro de 2011, acidentalmente, e desde então, passei a prestar mais atenção no
personagem principal desse meu projeto maior chamado “vida”, afinal, sem ele,
nada seria possível. Na verdade, o que vi no espelho, naquele dia, foi
justamente o oposto de tudo aquilo que eu admirava. Vi uma menina desgostosa,
descuidada, triste e amarga, refletida no espelho. Fisicamente, tinha acabado
de entrar na obesidade grau 1, completamente dominada pela compulsão pela
bebida, comida e cigarro. Uma imagem um tanto quanto pesada de se encarar.
Foi
quando decidi que não precisava ser assim, que me tornaria aquela pessoa que eu
tinha em mente e que sentiria orgulho quando me olhasse no espelho ou quando
deitasse a cabeça no travesseiro todos os dias para dormir. E assim o tenho
feito. Não, não mudei minha personalidade, nem virei outra pessoa ou encarnei
um personagem. Continuo possuindo os mesmos defeitos de antes e digo até que
posso ter adquirido novos, não sou feliz o tempo todo, nem todos os dias estou
de bom humor. Cometo um monte de erros a todo tempo, não tenho aquela vida perfeita
de comercial de margarina, pelo contrário. Na verdade, estou muito longe de ser
exemplo de qualquer coisa, mas ainda assim, tenho a certeza que a cada dia sou
a melhor versão que posso ser de mim mesma. Por isso tenho muito orgulho do que
vejo no espelho todos os dias, e não digo isso pelos 30 kg perdidos ou pelo
fato de ter parado de fumar, digo isso pela pessoa que consigo ver que sou hoje
e pelo o que eu posso oferecer de bom para aquelas que me cercam.
O que
quero dizer com isso tudo é que mudar pode ser muito mais simples do que parece
depois que passa o choque do primeiro impacto. E que, infelizmente (ou
felizmente), não existe fórmula mágica ou padrão e nem momento certo pra isso,
cada um vai encontrar seu caminho, até porque, cada um tem conflitos e
problemas únicos. Quando decidi investir no meu projeto “Patricia 2.0”, uma das
minhas metas pessoais era fazer, pelo menos, um bem por dia para alguém, seja
essa pessoa quem for (mais tarde entramos nesse assunto com a atenção que ele
merece). Então pensei: “por que não escrever sobre isso e convidar mais pessoas
a também fazer esse exercício e identificar o que elas não gostam ou o que elas
gostariam de mudar para se sentirem melhores?”. Assim como esse pequeno ato
desencadeou várias reações bacanas em minha vida, talvez ele possa também
ajudar outras pessoas, fazendo bem a elas. E o bem feito a alguém, por menor
que seja, sempre nos faz um pouquinho melhores e nos ajuda a crescer.
Então,
que tal realizar o exercício do início do artigo e começar o seu próprio
projeto? Mas não esqueça de realizá-lo constantemente, avaliando os resultando
alcançados, balanceando não somente seus pontos fracos ou negativos, mas também
suas qualidades, ressaltando, principalmente, o seu avanço em direção aquilo
que te faz bem.
Um deleite de leitura, este seu texto. Vem ao encontro do que venho tentando cristalizar na minha vida, mas ainda estava um pouco perdida ou sem a motivação necessária... É lindo ver minha teoria interior sair para passear no mundo da prática! Obrigada! Vou fazer o mesmo, e isso é uma decisão difícil (você deve saber) e pra ontem!
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