Qualquer mudança que queiramos no
mundo começa efetivamente por nós. E quando o assunto é moda sustentável, ela
começa pelo nosso guarda roupa.
Mas como podemos colaborar para
que o setor de moda seja mais sustentável, socialmente justo e menos impactante
no meio ambiente? A primeira etapa, e diria a mais importante, é entender nosso
grau de importância para a indústria da moda. Sim, nossa atitude de consumir ou
não roupas, acessórios ou calçados de determinada marca, impacta sim as vendas
e faturamento dessa empresa. Imagine o seguinte cenário: Você é apaixonado por
roupas da marca X, tanto que sempre comenta com seus amigos e familiares e
acaba até divulgando fotos usando esta marca em suas redes sociais. Agora
considere a seguinte informação: foram descobertas confecções em que seus
trabalhadores exerciam suas atividades em regime análogo à escravidão (trabalhavam
e moravam no mesmo local; as condições de higiene eram degradantes; os locais
para dormir eram pequenos, úmidos e sem ventilação; a jornada era exaustiva, a
ponto de serem contabilizadas as idas ao banheiro). Imagine o quanto essas
pessoas não sofrem para que a marca X continue vendendo suas peças a preços
baixos. Você seria capaz de continuar consumindo as roupas da marca X?
Agora imagine se cada vez mais
pessoas se recusem consumir a marca X devido às condições de trabalho impelidas
aos seus funcionários (vamos lembrar que terceirização não é justificativa para
que situações assim ocorram), o faturamento dessa empresa cairá e uma alteração
na cadeia produtiva e de valor precisará ser realizada. É claro que esse é um
exemplo muito simplificado, mas é apenas para que vejamos o poder e a
responsabilidade que possuímos enquanto consumidores.
Então como podemos efetivamente
colaborar para uma moda mais sustentável? Precisamos repensar como nos
relacionamos com as nossas roupas e acessórios, evitando o desperdício, por exemplo. Separamos algumas dicas
importantes, do Caio Braz e Aline Welinsky do Plata o Plomo, de como ter um guarda roupa
mais sustentável.
1. Apoie marcas éticas
Vamos voltar ao nosso exemplo: Você
já parou para se perguntar de onde vem a roupa produzida pela sua marca
favorita? Quem são seus fornecedores, de que forma a cadeia de produção se
constrói; será que os preços pagos pela mão de obra e pelos materiais são
justos? De que forma essa marca lida com os materiais que utiliza? Se materiais
sustentáveis? Como funciona o descarte? Há um processo pós compra, como a
logística reversa?
Parece muita coisa, mas se a
marca tiver esse foco ela vai fazer questão de deixar isso claro para o
consumidor. Uma sugestão é procurar as marcas pequenas, pois além de priorizarem
as relações com fornecedores e a mão de obra local, elas não usam qualquer
material.
Desenvolvido pela ONG Repórter Brasil o
app Moda Livre, é um aplicativo gratuito que avalia o envolvimento das
marcas de roupa no trabalho escravo.
O aplicativo, disponível para
iOS e Android, está no ar desde 2013 e conta com mais de 70 marcas.
Segundo seus criadores, o intuito do Moda Livre é fornecer informações para que
o consumidor faça a escolha de forma consciente.
3. Atenção aos seus
hábitos
Há muita boa intenção na compra
de uma peça sustentável, mas todo o conceito é ineficaz se a roupa adquirida
ficar jogada no fundo do guarda roupa porque não combina com o restante das
suas roupas ou você não acha ocasião para usá-la.
Por isso, se você deseja mesmo
construir um guarda-roupa sustentável, é preciso analisar seu estilo de vida,
desapegar de maus hábitos e planejar suas compras. O que você precisa saber para ter um guarda roupa mais sustentável é o
que é realmente necessário pra você.
4. Compre roupas duráveis e de qualidade
Ter um guarda roupa sustentável
nem sempre nem sempre significa ter poucas roupas. Você pode, por exemplo, ter
cinco calças diferentes no seu armário, mas, se elas durarem 10 anos, quantas
você terá deixado de descartar durante todo esse período?
Quanto mais tempo a peça durar,
menos você terá que comprar algo novo. É bom para o meio ambiente, é bom para
seu orçamento. Você pode substituir a
compra de três camisas brancas baratinhas (mas que vão se acabando com o uso)
pela compra de uma ótima camisa, de muita qualidade que (com o cuidado apropriado)
vai durar sua vida inteira. É pensando
assim e com esse tipo de estratégia que vamos transformando o nosso jeito de
consumir.
5. Compre menos e escolha melhor
Antes de comprar, tenha em mente
o que realmente precisa, planeje suas compras. Assim você evita as compras por
impulso. Se questione se você realmente
gostou daquela peça 100%, se realmente irá usá-la. Se não está comprando por
uma moda passageira. Questionamentos que podem fazer muita diferença no tipo de
roupa que você investe e que podem transformar o seu jeito de consumir moda. Foque
em comprar menos, fugindo da banalização e buscando significado no que se
compra.
6. Cuide bem das roupas que você já tem
Muitas vezes somos descuidados
com as coisas que temos e não dedicamos atenção necessária às roupas que
compramos. Para que uma peça dure, é preciso que estejamos atentos à maneira
que cuidamos de nossas peças.
Ler a etiqueta antes de lavar e
passar, lembrar de usar guardanapo ao comer uma massa, atenção ao vinho e a
roupa branca, lembrar de tirar manchas antes que fique impossível, guardar as
peças mais especiais bem protegidas são algumas dicas para manter a qualidade
das roupas e é um jeito bem especial de economizar.
7. Compre roupas
vintage ou de segunda mão
A quantidade de roupa produzida
anualmente é exorbitante e muita roupa antiga é descartada, ainda que em
perfeito estado. Vale pesquisar e conhecer brechós e lojas online de roupas
usadas. Acredite: tem muita coisa legal, ótima, num estado muito bom e por
preços camaradas nesses locais.
8. Armário Cápsula
O conceito de armário cápsula consiste em ter
um número limitado de peças de roupas que sobreviverão a qualquer tendência de
moda ou passagem do tempo.
Geralmente, um armário cápsula
tem 30, 50, 60 peças, considerando inclusive sapatos e acessórios. É claro, o
número varia pela sua necessidade, mas a proposta é ser o mínimo possível, o essencial.
9. Doe roupas antigas
e sem uso
E o que fazer com as roupas
antigas e sem uso? Quando as roupas estão em bom estado, existe sempre a
alternativa de doar essas peças para alguma ONG ou instituição de caridade.
Você também pode criar uma campanha de arrecadação de roupas em seu prédio, empresa,
faculdade ou escola e ajudar o Exército de Salvação que
doará essas roupas a pessoas que precisam.