Imagem: Instituto Rio Moda |
Sabemos que o caminho para a moda
sustentável passa obrigatoriamente por consumidores mais conscientes e
exigentes e também pela disposição das empresas buscarem inovações para suas
cadeias produtiva e de valores.
Embora o cenário atual, nos revele
consumismo; durabilidade curta, devido à obsolescência programada; e descarte
cada vez maior e mais rápido de roupas e calçados, existe um movimento
crescente que vai na contramão de tudo isso, o Slow Fashion.
Esse movimento surge para dar
maior consciência ecológica aos consumidores, mostrando que as roupas e
produtos podem ser projetados com matérias primas ambientalmente amigáveis,
isto é, materiais que não gerem resíduos tóxicos, e que tenham vida útil
prolongada. Um número cada vez maior de empresas tem demonstrado preocupação em
relação aos impactos socioambientais que seus processos produtivos têm gerado,
e mais que isso, a busca por soluções que envolvam a melhoria do cenário
ambiental e a atenção às questões sociais tem sido cada vez mais percebido
nesse setor tão poluente e degradante.
Imagem: Jardim do Mundo |
Empresas antigas se reinventam,
novas empresas e iniciativas já surgem com esse ideal em suas missões, a cooperação
entre os fornecedores, empresas, organizações de normas ambientais e
consumidores em prol de um ambiente mais preservado e socialmente mais justo. O
conceito de sustentabilidade está sempre presente através da utilização de
itens reciclados, tintas à base de água, tecidos de fibras naturais, entre
outros materiais que contribuem para a preservação do meio ambiente.
Observamos também a importância
do design inteligente de produtos que passa a ser pensado de forma circular, a
fim de que este produto possa sempre se converter em novos materiais para a
produção de novos produtos, gerando, desta forma, uma quantidade cada vez mais
reduzida de resíduos, é a economia circular e seu conceito “do berço ao berço” (Cradle to Cradle, em inglês).
A seguir você poderá conferir
algumas empresas que estão caminhando na direção da moda sustentável e
iniciativas que estão divulgando a importância do tema.
Patagônia
Não comprar nada além do que
falta e usar a peça de roupa por vários anos é a principal ideia propagada pela
Patagônia, uma das
principais marcas de roupa americana.
Imagem: Archilovers |
Suas peças são produzidas a
partir da reciclagem, a marca tem seu design voltado para a qualidade e
durabilidade, assim suas roupas são reconhecidas por servirem para uma vida toda.
Para isso a Patagônia trabalha com uma eficiente equipe de consertos
(realizados em até 10 dias úteis), assim o consumidor tem acesso à manutenção
de suas peças quando necessário. Para a empresa, peças em bom estado devem
permanecer em circulação, por isso a empresa além de realizar reparos também
compra dos consumidores as roupas que os mesmos gostariam de vender porque não
usam mais, assim como também recebem doações de peças de seus consumidores que
queiram destinar suas roupas sem uso a instituições de caridade. A Patagonia
também reconhece a importância da economia circular, recebendo de seus
consumidores peças para a reciclagem, no processo são extraídas as fibras do pano e novas peças são
confeccionadas.
Imagem: Muda Tudo |
Buscando incentivar o
surgimento de novas empresas com a mesma visão, a Patagonia criou um fundo para
investir em startups. E pensando na cadeia de valor, a empresa se
associou ao Walmart a fim
de rastrear práticas socioambientais de mais de 300 000 varejistas e fabricantes do setor, o que
corresponde a 40% do mercado têxtil mundial. Com essas ações, a
empresa dissemina a política de redução, reuso, reparo e reciclagem que
associação moda à sustentabilidade.
Brasil Eco Fashion Week – BEFW
A semana de moda BEFW surgiu
como resposta à crescente demanda por um mercado de moda engajado a valores
humanos, consciência de consumo e preservação ambiental.
Imagem: Chesller |
O primeiro grande evento dedicado
à moda brasileira com foco na sustentabilidade foi realizado, em novembro
deste ano, em São Paulo. Inspirado na Eco
Fashion Week que acontece no Canadá, a semana de moda sustentável
brasileira foi planejada para apresentar soluções à moda tradicional e também
mostrar que é possível aliar moda a consumo consciente. Diferente das semanas
de moda tradicionais, a proposta da BEFW é conectar marcas e empresas que
produzem moda sustentável aqueles que desejam consumir de forma mais
consciente, além de apresentar ao público que ainda não conhece.
Imagem: IDsetters |
O evento contou com showroom, um
espaço inovador de vendas para varejo e atacado, onde mais de 30 marcas expuseram
para o público suas produções sustentáveis; oficinas; palestras; workshops; rodas
de conversa; e uma praça de alimentação com slow
food.
Another Land
Fundada por Caroline Noreika e
Cibele Nogueira, a Another Land é uma marca que trabalha com
tecidos e estamparia ecológicos.
Imagem: Another Land Project |
Esse projeto criativo, que incentiva
o consumo e a produção consciente, nasceu em 2015 estampando produtos
ecofriendly e destacando calçados feitos com tecidos provenientes do lixo de
confecções têxteis. A marca desenvolve acessórios, alpargatas e artigos de
decoração, elaborados com tecidos feitos de garrafa PET, algodão reciclado ou
fibra natural e a estamparia é 100% ecológica, os corantes e pigmentos são
tintas à base d’água, sem químicos ou solventes. As estampas são digitais e
manuais inspiradas em narrativas que transitam entre a natureza e o
urbano, a ordem e o caos.
C&A
A gigante varejista C&A
preocupada com os impactos do cultivo tradicional de algodão, vem
optando por utilizar em seus artigos algodão certificado pela Better Cotton Initiative – BCI (Iniciativa por um Algodão Melhor), em
2016 15% dos artigos desse material comercializados no país já eram
certificados, a expectativa da empresa é atingir 100% até 2020.
Imagem: Ideia Circular |
O objetivo da BCI é garantir que
o algodão seja produzido de forma ética e responsável, por isso suas ações são
voltadas para o combate ao trabalho escravo e infantil; para a melhoria das
condições dos trabalhadores do campo; e para a melhoria de práticas agrícolas, como
a redução do consumo de água e de pesticidas.
Com o intuito de alertar e
difundir a necessidade do cultivo mais sustentável do algodão, a C&A e a
National Geographic lançaram o documentário “For the Love of Fashion” (Por Amor à Moda), apresentado por
Alexandra Cousteau, mundialmente conhecida por seu trabalho ligado a questões
de sustentabilidade e água.
Documentário For the Love of Fashion que mostra os resultados do uso de métodos
de produção mais sustentáveis, como o BCI e o cultivo orgânico.
Outra preocupação da marca é em
relação ao jeans e a quantidade excessiva de água gasta durante seu processo
produtivo, por isso a C&A está investindo em inovações de sua cadeia
produtiva e como resultado há 92% de economia de água e 30% de redução de
energia no processo de tecelagem; e 30% de economia de água e 15% menos energia
no processo de lavanderia. Isso graças a certificação de seus fornecedores,
como as empresas fornecedoras de fiação, as confecções e as lavanderias.
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